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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

COMO NÓS, IGREJA, VAMOS LIDAR COM AS MUDANÇAS E PRESSÕES SOCIAIS?(Parte II)



Este texto foi escrito por mim a alguns anos, creio que 09, e foi publicado, com autorização, em alguns veículos de comunicação.


Homofobia: crime ou pecado?
Há alguns domingos preguei em minha igreja um sermão deveras contundente, onde uma das primeiras linhas ditas foi que homofobia, além de crime, é pecado. Naquele instante vi o rosto perplexo de alguns amados irmãos intrigados com minha colocação.
Aconselho, tanto por e-mail como no gabinete pastoral, um número incontável de pessoas. Faço questão de dar atenção individual, com tempo e qualidade. Não poucas vezes, me deparo com casos de pessoas com situações onde a homossexualidade tem sido um fardo quase que impossível de carregar. Não se aceitam, não se perdoam, não entendem e, acima de tudo, não gostariam de ser como são. São pessoas normais, às vezes pais de família, gente como a gente. Discriminar esses indivíduos não é apenas crime, acima de tudo é pecado. Jesus disse "vinde como estais".
A Bíblia é clara quando afirma que "todos pecaram". Todos inclui a nós mesmos! Pecado é pecado, independente da prática. A prática por si do pecado nos condenou à morte. A condenação do homossexual é a mesma de toda a raça humana. Não entro aqui nas questões de soterologia e doutrinas individuais, apenas um foco simplório, mas objetivo do pecado.
Crente não discrimina. Cristão não persegue! É função nossa amar o pecador, receber o perdido, acolher o moribundo. Somos bons samaritanos, em um mundo que rouba a vida de quem a tem.
Toda a polêmica hoje criada em torno da lei de criminalização da homofobia, mais conhecida como PL 122, não é por questões religiosas. A fé cristã, professada por diversas igrejas e denominações, sejam católicas ou protestantes, tem, na sua maioria, um posicionamento firme no tocante à homossexualidade. A Bíblia é categórica ao afirmar ser uma prática condenada, e não a aceita sob nenhuma forma ou argumento. Somos, entretanto, ainda mais tolerantes que o judaísmo e o islamismo, pois o que nos diferencia é o fato de amarmos o indivíduo independente de seu pecado, por sabermos que o poder de Deus manifesto no Calvário em Cristo é suficiente para mudar o homem.
O que se propõe hoje não é resguardar direitos civis de indivíduos vitimados por discriminação. Mas o que se busca hoje é criar um estado de secessão, no qual grupos ditos minoritários são resguardados por uma legislação dúbia e esdrúxula, que visa criar um estado distorcido e indiosincrático, onde, para o mesmo crime, surgem punições diferenciadas. Como pode a lei ser mais complacente com o racista, ou o xenófobo, sendo implacável, entretanto, com o homofóbico?
Evangélicos também são minoria. Mas quem ira resguardar nossos direitos? Quem irá garantir nossa liberdade de culto e nossas expressões religiosas? Nossa teologia e nossos princípios são milenares, entretanto quem estará preservando nossa tradição bíblica? Serei punido, enquanto pastor, se no meu púlpito declarar as verdades bíblicas, entre elas o pecado da homossexualidade. Serei preso se coibir qualquer tipo de manifestação homoafetiva (termo da lei) dentro das paredes da minha igreja.
Outro dia saindo da igreja, passei em um mercado, e estava vestido com meu colarinho clerical. Bastou o fato de estar usando meu hábito para um grupo de quatro homossexuais começarem a fazer chacota do meu sacerdócio. Calado estava, calado fiquei. Mas me perguntei: quem vai me defender desse tipo de fobia, tão racista e fóbica como a bandeira que eles tentam empunhar?
É tempo da igreja entender que essa não é uma questão de fé, pura e simples. Não é uma questão religiosa somente. É, sim, uma questão de cidadania e liberdade civis. A igreja está ameaçada, a família está ameaçada, a sociedade está ameaçada. Quem irá nos defender? Pense nisso!

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