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sábado, 2 de junho de 2012

fonte: facebook


O problema é que tem ovelha que insiste em não ouvir o pastor...

QUAL A SUA MOTIVAÇÃO?

"e nos dias em que buscou ao SENHOR, Deus o fez prosperar."
2Crônicas 26:5






Muitas pessoas me perguntam como eu prego de forma tão contextualizada? Eu simplesmente observo o que acontece ao meu redor, meus erros e meus acertos, as dúvidas que me trazem, os caminhos que alguns tomam e que o seu fim não se enquadra no projeto prévio.


Tenho me deparado com uma situação a qual me cerca e que me acendeu uma luz sobre situações e pessoas ao meu redor.


Primeiramente, confiança somente em Deus. Os homens são falhos, dúbios, traiçoeiros. E mudam ao som das ondas da vida e de suas conveniências e ganâncias. Deus é o único que não nos trai e que não muda nem o seu Amor nem seu relacionamento conosco.


Mas o que tem me assustado de forma profunda é a verdadeira motivação que tem levado alguns a buscar a face do Pai!


Quem não quer ser próspero? Quem não gosta de coisas boas? Quem nunca sonhou em ter sucesso profissional? Há erro nisso? Não, de maneira alguma. Isso serve de incentivo para nós buscarmos excelência na vida, foco nos propósitos e objetivos, força para trabalhar, plantar e depois colher.


O que acontece hoje é que queremos colocar em Deus nossa responsabilidade. Se você quer prosperar, trabalhe, soe, esforce-se! Esse é seu quinhão no contrato da vida, e não de Deus.


O problema é que na maioria das vezes nos tornamos fervorosos, aguerridos na oração, "santos"quando queremos algo de Deus. Só nos esquecemos de uma coisa:


COM DEUS NÃO SE BARGANHA


A nossa motivação para buscar Deus tem sido na maioria das vezes com o intuito de receber algo em troca. Prosperidade, vitória, dinheiro... Temos buscado "as demais coisas" antes de buscar o Reino. Sabe qual a consequência disso? Fracasso. 


Fracasso no relacionamento com Deus! E isso não tem dinheiro ou sucesso que compensem.


Como diz o texto de Crônicas, Uzias buscou ao Senhor, e a consequência disso foi que Deus o fez prosperar.


Busque o Reino sem objetivo de troca ou barganha. Busque ao Senhor de todo o seu coração. Quem busca acha, e acha o Seu Favor.


Pense nisso. Mude sua atitude e viva melhor.


Pr Ricardo Espindola







Bom dia amados!
Somos livres pela libertação da cruz. O Leão da Tribo de Judá conosco está. O Anjo do Senhor acampa-se ao nosso redor.
Nossa vitória e conquista são garantidas pelo Sangue do Cordeiro.
Entretanto temos um inimigo que está ao derredor e em todo tempo tenta nos mostrar uma realidade oposta à que nos está garantida.
Se somos livres, ele quer tentar nos mostrar uma imagem na qual estamos presos. Presos a situações do passado, a erros antigos, a pessoas que nos tentam impedir de avançar.
Rompa os grilhões pois a força do Senhor está contigo. Não aceite o que não te pertence. Não trilhe um caminho que não é teu.
Viva a vida que Deus te preparou, isso é sua melhor opção.

Pense nisso e viva melhor

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Gari solta a voz e transforma o trabalho duro em uma rotina mais feliz

Fonte: correioweb.com

Laurineide em ação, no SIG:"A única coisa que me entristece de verdade é a violência de Brasília"


O dia começa cedo para Laurineide da Silva Oliveira. A piauiense de 37 anos, levanta às 5h, prepara o café da manhã, penteia os cabelos descoloridos, passa o batom e, uma hora depois, está pronta para a labuta. Às 6h, o ônibus da empresa onde trabalha a busca em uma parada perto de casa. Logo cedinho, com a vassoura e o carrinho de limpeza a postos, Laurineide ajuda na tarefa de manter Brasília como título de uma das cidades mais limpas do Brasil. Até aí, a rotina de Laurineide seria a normal de um gari. Porém, a cada varrida, a funcionária de limpeza urbana solta a voz grave, canta e transforma a rua em um palco.

O fiel fone de ouvido conectado ao celular age como o playback. Ouvindo a música no fundo, ela não perde o tom nem o tempo da melodia, e deixa o espetáculo a céu aberto ainda mais curioso. Difícil é alguém passar pela rua sem lançar, pelo menos, um olhar ou sorriso de canto de boca para a inusitada cantora. O público mais interativo bate palmas, assobia e dá apoio. Afinal, tanta alegria contagia quem está chegando ao trabalho.

As músicas prediletas que não saem da boca de Laurineide são as evangélicas. Ela tem carinho especial pelo cantor Mattos Nascimento. Para sentir-se mais próxima de Deus, a gari fecha os olhos, gesticula os movimentos dos cantores gospel e começa a varrer, na melodia da música. Todos os dias, ela trabalha das 7h às 15h no Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e, com sua cantoria diária, angariou fãs, como a moça que lhe dá lanche como brinde pela música que ouve e uma comerciária que a deixa usar o banheiro da papelaria.

Além da trilha gospel, Laurineide adora Amado Batista. Na letra da música Morro de ciúme dela, ele traduz um pouco do espírito da piauiense: “Quando ela passa na rua, é um reboliço geral/ Um grita, outro assobia, ela balança o astral”. Mas o repertório do artista é mais utilizado no fim de semana, quando ela se arruma, se maquia e vai para a Feira da Estrutural “escolher as verduras mais bonitas e ver o movimento”. Para o dia a dia, batom. Para o fim de semana, sombra e blush. “Me maquiei porque tinha a reportagem, minhas amigas até brincaram que eu estava periguetezona”, diverte-se.

Laurineide leva a sério o ditado que diz que quem canta seus males espanta. Por isso, faz questão de soltar a voz, sem vergonha das pessoas que eventualmente possam julgá-la. A música é seu instrumento para deixar a realidade mais doce e o trabalho menos árduo. “A única coisa que me entristece de verdade é a violência de Brasília”, diz. Atualmente, a preocupação é com a vinda da netinha. A filha de 15 anos está grávida e o ultrassom mostrou que a criança tem lábio leporino. “Fico preocupada porque o médico disse que precisa fazer cirurgia, mas vou cantar a Deus que tudo dê certo.”

Rumo à capital
Desde pequena, quando ainda vivia em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, Laurineigosta de soltar a voz. A infância difícil e sem recursos nunca a desanimou. Pelo contrário: seu jeito desinibido a trouxe para o Planalto Central. Quando tinha 15 anos, pediu a um vereador da cidade o dinheiro da passagem para Brasília. Lá na região da Serra da Capivara, ouvia dizer que na nova capital não faltavam oportunidades. “Falei pro meu pai que tinha ganho a passagem, e ele me mandou vender para comprar feijão. Quando ele saiu pro serviço, arrumei minhas coisas e vim sem autorização dele, só com a da minha mãe.” Quem levou a bronca, claro, foi ela, que deixou a filha viajar sozinha sem consultar o patriarca. “Meu pai é meu tesouro. Tenho saudades dele, faz 12 anos que não o vejo.”

Em Brasília, Laurineide casou-se, teve três filhos e construiu a vida em Santa Maria. Mas as constantes agressões do marido e as humilhações diárias a que ele a submetia fizeram com que Laurineide saísse de casa com as três crianças. “Ele me espancava muito. Não dava mais, dei queixa e pedi a separação.” De lá, ela comprou uma casa na Estrutural, próxima da residência de uma família vinda de São Raimundo Nonato. “Aí, eu e meu primo estávamos morando na mesma casa, perto um do outro. Deu certo, e agora estamos juntados”, contou. E a nova história de amor tem trilha sonora cantada a capela: é a música Vamos falar de amor, do grupo de forró Mala 100 Alça. “Eu canto pra ele: ‘Vamos falar desse amor, das nossas loucuras: /Queria te dizer o quanto sofro quando nós dois brigamos, amor, mas juro que tudo o que falo é da boca pra fora’.”

Laurineide estudou até a quarta série primária, mas o que ela aprendeu e ensina para as pessoas com quem convive todos os dias é que a alegria consiste na melhor companheira das dificuldades. E a música é uma boa maneira de extravasar sentimentos e deixar a vida mais leve.

Funcionários do bem-estar
Assim como Laurineide, trabalhadores comuns se tornaram celebridades pela alegria na batalha diária pela sobrevivência. Renato Luiz Feliciano Lourenço, mais conhecido como Gari Sorriso, trabalha no Rio de Janeiro e ficou famoso no carnaval de 1997. Durante um intervalo entre as apresentações das escolas de samba, ele
entrou para fazer a limpeza. Aproveitou, deu uma “sambadinha” e brilhou para as câmeras. Hoje, além de continuar gari, dá palestras para executivos sobre motivação no trabalho.

Alegre, sempre

Veja abaixo o que o bom humor pode fazer por você:

» Alivia a tensão o riso pode reduzir o estresse e a ansiedade.

» Ajuda na memorização rir durante a apresentação de uma aula, palestra ou espetáculo aumenta o interesse e facilita a aprendizagem.

» Atenua a dor
rir libera a endorfina, hormônio produzido no cérebro que produz sensação de bem-estar e alivia a dor.

» Diminui a pressão arterial no sistema cardiovascular, rir aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial, o que promove a vasodilatação das artérias, ocasionando uma queda de pressão benéfica para os hipertensos.

» Fortalece o sistema imune
não está comprovado o fato de que quem ri fica menos doente, mas os pesquisadores sabem que o riso aumenta a liberação de células do sistema imune, fortalecendo as defesas do organismo.

SEI BEM COMO É


Como diz um pastor amigo meu: mordida de ovelha dói... E eu digo, como dói




Fonte: Cristianismo Hoje



Pastores feridos

Pastores que abandonam o púlpito enfrentam o difícil caminho da auto-aceitação e do recomeço.
Por Marcelo Brasileiro
Desânimo, solidão, insegurança, medo e dúvida. Uma estranha combinação de sensações passou a atormentar José Nilton Lima Fernandes, hoje com 41 anos, a certa altura da vida. Pastor evangélico, ele chegou ao púlpito depois de uma longa vivência religiosa, que se confunde com a de sua trajetória. Criado numa igreja pentecostal, Nilton exerceu a liderança da mocidade já aos 16 anos, e logo sentiria o chamado – expressão que, no jargão evangélico, designa aquele momento em que o indivíduo percebe-se vocacionado por Deus para o ministério da Palavra. Mas foi numa denominação do ramo protestante histórico, a Igreja Presbiteriana Independente (IPI), na cidade de São Paulo, que ele se estabeleceu como pastor. Graduado em Direito, Teologia e Filosofia, tinha tudo para ser um excelente ministro do Evangelho, aliando a erudição ao conhecimento das Sagradas Escrituras. Contudo, ele chegou diante de uma encruzilhada. Passou a duvidar se valeria mesmo a pena ser um pastor evangélico. Afinal, a vida não seria melhor sem o tal “chamado pastoral”?
As razões para sua inquietação eram enormes. Ordenado pastor desde 1995, foi justamente na igreja que experimentou seus piores dissabores. Conheceu a intriga, lutou contra conchavos, desgastou-se para desmantelar o que chama de “estrutura de corrupção” dentro de uma das igrejas que pastoreou. Mas, no fim de tudo isso, percebeu que a luta fora inglória. José Nilton se enfraqueceu emocionalmente e viu o casamento ir por água abaixo.  Mesmo vencendo o braço-de-ferro para sanar a administração de sua igreja, perdeu o controle da vida. A mulher não foi capaz de suportar o que o ministério pastoral fez com ele. “Eu entrei num processo de morte. Adoeci e tive que procurar ajuda médica para me restabelecer”, conta. Com o fim do casamento, perdeu também a companhia permanente da filha pequena, uma das maiores dores de sua vida.
Foi preciso parar.  No fim de 2010, José Nilton protocolou uma carta à direção de sua igreja requisitando a “disponibilidade ativa”, uma licença concedida aos pastores da denominação. Passou todo o ano de 2011 longe das funções ministeriais. No período, foi exercer outras funções, como advogado e professor de escola pública e de seminário.  “Acho possível servir a Jesus, independentemente de ser pastor ou não”, raciocina, analisando a vida em perspectiva. “Não acredito mais que um ministério pastoral só possa ser exercido dentro da igreja, que o chamado se aplica apenas dentro do templo. Quebrei essa visão clerical”. Reconstruindo-se das cicatrizes, Nilton casou-se novamente. E, este ano retornou ao púlpito, assumindo o pastoreio de uma igreja na zona leste de São Paulo. Todavia, não descarta outro freio de arrumação. “Acho que a vida útil de um líder é de três anos”, raciocina. “É o período em que ele mantém toda a força e disposição. Depois, é bom que esse processo seja renovado”. É assim que ele pretende caminhar daqui para frente: sem fazer do pastorado o centro ou a razão da sua vida.
Encontrar o equilíbrio no ministério não é tarefa fácil. Que o digam os ex-pastores ou pastores afastados do púlpito que passam a exercer outras atividades ou profissões depois de um período servindo à igreja. Uma das maiores denominações pentecostais do país, a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), com seus 30 mil pastores filiados – entre homens e mulheres –, registra uma deserção de cerca de 70 pastores por mês desde o ano passado. Os números estão nas circulares da própria igreja. Não é gente que abandona a fé em Cristo, naturalmente; em sua maioria, os religiosos que pedem licença ou desligamento das atividades pastorais continuam vivendo sua vida cristã, como fez José Nilton no período em que esteve afastado do púlpito. É que as pressões espirituais e as demandas familiares e pessoais dos pastores, nem sempre supridas, constituem uma carga difícil de suportar ao longo doa anos. Some-se a isso os problemas enfrentados na própria igreja, as cobranças da liderança, a necessidade de administrar a obra sob o ponto de vista financeiro e – não raro – as disputas por poder e se terá uma ideia do conjunto de fatores que podem levar mesmo aquele abençoado homem de Deus a chutar tudo para o alto.
A própria IPI, onde José Nilton militou, embora muito menor que a Quadrangular – conta com cerca de 500 igrejas no país e 690 pastores registrados –, teria hoje algo em torno de 50 ministros licenciados, número registrado em relatório de 2009. Pode parecer pouco, mas representa quase dez por cento do corpo de pastores ativos. Caso se projete esse percentual à dimensão da já gigantesca Igreja Evangélica brasileira, com seus aproximadamente 40 milhões de fiéis, dá para estimar que a defecção dos púlpitos é mesmo numerosa. De acordo com números da Fundação Getúlio Vargas, o número de pastores evangélicos no país é cinco vezes maior do que a de padres católicos, que em 2006 era de 18,6 mil segundo o levantamento Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais. Porém, devido à informalidade da atividade pastoral no país, é certo que os números sejam bem maiores.

FERIDOS QUE FEREM
O chamado pastoral sempre foi o mais valorizado no segmento evangélico. Por essa razão, é de se estranhar quando alguém que se diz escolhido por Deus para apascentar suas ovelhas resolva abandonar esse caminho. Nos Estados Unidos, algumas pesquisas tentam explicar os principais motivos que levam os pastores a deixar de lado a tarefa que um dia abraçaram. Uma delas foi realizada pelo ministério LifeWay, que, por telefone, contatou mil pastores que exerciam liderança em suas comunidades eclesiásticas. E o resultado foi que, apesar de se sentirem privilegiados pelo cargo que ocupavam (item expresso por 98% dos entrevistados), mais da metade, ou 55%, afirmaram que se sentiam solitários em seus ministérios e concordavam com a afirmação “acho que é fácil ficar desanimado”. Curiosamente, foram os veteranos, com mais 65 anos, os menos desanimados. Já os dirigentes das megaigrejas foram os que mais reclamaram de problemas. De acordo com o presidente da área de pesquisas da Life Way, Ed Stetzer – que já pastoreou diversas igrejas –, a principal razão para o desânimo pode vir de expectativas irreais. “Líderes influenciados por uma mentalidade consumista cristã ferem todos os envolvidos”, aponta. “Precisamos muito menos de clientes e muito mais de cooperadores”, diz, em seu blog pessoal.
Outras pesquisas nos EUA vão além. O Instituto Francis Schaeffer, por exemplo, revelou que, no último ano, cerca de 1,5 mil pastores têm abandonado seus ministérios todos os meses por conta de desvios morais, esgotamento espiritual ou algum tipo de desavença na igreja. Numa pesquisa da entidade, 57% dos pastores ouvidos admitiram que deixariam suas igrejas locais, mesmo se fosse para um trabalho secular, caso tivessem oportunidade. E cerca de 70% afirmam sofrer depressão e admitem só ler a Bíblia quando preparam suas pregações. Do lado de cá do Equador, o nível de desistência também é elevado, ainda mais levando-se em conta as grandes expectativas apresentadas no início da caminhada pastoral pelos calouros dos seminários. “No começo do curso, percebemos que uma boa parte dos alunos possui um positivo encantamento pelo ministério. Mais adiante, já demonstram preocupação com alguns dilemas”, observa o diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, o pastor batista Lourenço Stélio Rega. Ele estima que 40% dos alunos que iniciam a faculdade de teologia desistem no meio do caminho. Os que chegam à ordenação, contudo, percebem que a luta será uma constante ao longo da vida ministerial – como, aliás, a própria Bíblia antecipa.
E, se é bom que o ministro seja alguém equilibrado, que viva no Espírito e não na carne, que governa bem a própria casa, seja marido de uma só mulher (ou vice-versa, já que, nos tempos do apóstolo Paulo não se praticava a ordenação feminina) e tantos outros requisitos, forçoso é reconhecer que muita gente fica pelo caminho pelos próprios erros. “O ministério é algo muito sério” lembra Gedimar de Araújo, pastor da Igreja Evangélica Ágape em Santo Antonio (ES) e líder nacional do Ministério de Apoio aos Pastores e Igrejas, o Mapi. “Se um médico, um advogado ou um contador erram, esse erro tem apenas implicação terrena. Mas, quando um ministro do Evangelho erra, isso pode ter implicações eternas.”
Desde que foi criado, há 20 anos, em Belo Horizonte (MG), como um braço do ministério Servindo Pastores e Líderes (Sepal), o Mapi já atendeu milhares de pastores pelo país. Dessa experiência, Gedimar traça quatro principais razões que podem ser cruciais para a desmotivação e o abandono do ministério. “Ativismo exagerado, que não deixa tempo para a família ou o descanso; vida moral vacilante, que abre espaço para a tentação na área sexual; feridas emocionais e conflitos não resolvidos; e desgaste com a liderança, enfrentando líderes autoritários e que não cooperam”, enumera. Para ele, é preciso que tanto os membros das igrejas quanto as lideranças denominacionais tenham um cuidado especial com os pastores. “Muitos sofrem feridas, como também, muitas vezes, chegam para o ministério já machucados. E, infelizmente, pastor ferido acaba ferindo”.
Quanto à responsabilidade do próprio pastor com o zelo ministerial, Gedimar é taxativo: “É melhor declinar do ministério do que fazê-lo de qualquer jeito ou por simples necessidade”. A rede de apoio oferecida pelo Mapi supre uma lacuna fundamental até mesmo entre os pastores – a do pastoreio. “É preciso criar em torno do ministro algumas estruturas protetoras. É muito bom que o líder conte com um grupo de outros pastores onde possa se abrir e compartilhar suas lutas; um mentor que possa ajudá-lo a crescer e acompanhamento para seu casamento e família e, por fim, ter companheiros com quem possa desenvolver amizades e relacionamentos saudáveis e sólidos”, enumera.

EXPECTATIVAS
Juracy Carlos Bahia, pastor e diretor-executivo da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), sediada no Rio de Janeiro, conhece bem o dilema dos colegas que, a certa altura do ministério, sentem-se questionados não só pelos outros, mas, sobretudo, por si mesmos. Ele lida com isso na prática e sabe que o preço acaba sendo caro demais. “Toda atividade que envolve vocação, como a do professor, a do médico ou a do pastor, é vista com muita expectativa. Quando se abandona esse caminho, é natural um sentimento de inadequação”. Para Bahia, o desencantamento com o ministério pastoral é fruto também do que entende como frustrações no contexto eclesiástico. Há pastores, por exemplo, que julgam não ter todo seu potencial intelectual utilizado pela comunidade. “Às vezes, o ministro acha que a igreja que pastoreia é pequena demais para seus projetos pessoais”, opina. Isso, acredita Bahia, estimula muitos a acumularem diversas funções, além das pastorais. “Eu defendo que os pastores atuem integralmente em seus ministérios. Porém, o que temos visto são pastores-advogados, pastores-professores, enfim, pastores que exercem outras profissões paralelas ao púlpito”, observa.
No entender do dirigente da OPBB, esse acúmulo de funções mina a energia e o potencial do obreiro para o serviço de Deus. A associação reúne aproximadamente dez mil pastores batistas e Bahia observa isso no seio da própria entidade: “Creio que metade deles sofra com a fuga das atividades pastorais para as seculares”. Contudo, ele acredita que deixar o ministério não é algo necessariamente negativo. “A pessoa pode ter se sentido vocacionada e, mais adiante na vida, por meio da experiência, das orações e interação com outros pastores, é perfeitamente possível chegar à conclusão que a interpretação que fez sobre seu chamado não foi adequada e sim emotiva”.
Quando, já na meia idade, casado e com dois filhos, ingressou no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), na capital pernambucana, Recife, Francisco das Chagas dos Santos parecia um menino de tanto entusiasmo. Nem mesmo as críticas de parentes para que buscasse uma colocação social que lhe desse mais status e dinheiro o desmotivou. “A igreja, para mim, é a melhor das oportunidades de buscar e conhecer meu Criador para que, pela graça, eu continue com firmeza a abrir espaço em meu coração para que ele cumpra sua vontade em mim, inclusive no ministério pastoral”, anotou em sua redação para o ingresso no SPN, em 1998. Ele formou-se no curso, foi ordenado pastor em 2003 e dirigiu igrejas nas cidades de Garanhuns e Saloá.
Hoje, aos 54 anos, Francisco trabalha como servidor público no Instituto Agronômico de Pernambuco. Ainda não curou todas as feridas e ressentimentos desde que, em 2010, entregou seu pedido de desligamento da denominação. Ele lamenta o tratamento recebido pelos seus superiores enquanto foi pastor. “Minha opinião sobre igreja não mudou. Nunca planejei um dia pedir licença ou despojamento do ministério. Mas entendo que somos o Corpo de Cristo, e, se uma unha dói, todos nós estamos doentes”, pondera. “Não é possível ser pastor sem pensar em restaurar vidas – e existem muitas vidas precisando de conserto, inclusive entre nós, pastores”.
A vida longe dos púlpitos ainda não foi totalmente sublimada e Francisco sabe bem que será constantemente indagado sobre sua decisão de deixar o ministério. “A impressão é que você deixou um desfalque, que adulterou ou algo parecido”, observa. Ele não considera voltar a pastorear pela denominação na qual se formou, porém não consegue deixar de imaginar-se como pastor. “Uma vez pastor, pastor para sempre”, recita, “muito embora as pessoas, em geral, acreditem que seja necessário um púlpito.”


Porta de saída

Pesquisa realizada nos Estados Unidos traçou um panorama dos problemas da atividade pastoral...

70% dos pastores admitem sofrer de depressão e estresse
80% deles sentem-se despreparados para o ministério
70% afirmam só ler a Bíblia quando precisam preparar seus sermões
40% já tiveram casos extraconjugais
30% reconhecem ter reduzido as próprias contribuições às igrejas após a crise financeira

... e avaliou as consequências disso:

1,5 mil pastores deixam o púlpito todos os meses
5 mil religiosos buscavam emprego secular no ano de 2009, mais do que o dobro do que ocorria em 2005
2 a 3 anos de ministério é o tempo médio em que os pastores deixam suas igrejas, sendo em direção a outras denominações ou não

Fontes: Barna Group, Christian Post, The Wall Street Journal, Instituto Francis A. Schaeffer e Instituto Jetro


Rebanho às avessas

A maioria dos pastores que se afastam de suas atividades ministeriais não abandona a fé em Cristo. Cada um deles, a seu modo, mantém sua vida espiritual e o relacionamento pessoal com Deus. Mas há quem saia do púlpito pela porta dos fundos, renegando as crenças defendidas com ardor durante tantos anos de atividade sacerdotal. Para estes – e, é bom que se diga, trata-se de uma opção nada recomendável –, existe aFreedom from Religion Foundation (“Fundação para o fim da religião”), entidade criada por ninguém menos que o mais famoso apologista do ateísmo da atualidade, o escritor britânico Richard Dawkins, autor do best-seller Deus, um delírio. Ele e um grupo de céticos lançaram o Projeto Clero, iniciativa que visa a apoiar ex-clérigos – pastores, padres, rabinos – no reinício da vida longe das funções religiosas. “Sacerdotes que perdem sua fé sofrem uma penalização dupla. Eles perdem seu emprego e, ao mesmo tempo, sua família e a vida que sempre tiveram”, argumenta Dawkins, no site do projeto. Não se tem notícia confiável de quantos ex-líderes aderiram ao Projeto Clero, mas parece óbvio que a ideia do refúgio ateu não é apenas abraçar sacerdotes cansados da vida religiosa, mas também engrossar o rebanho crescente daqueles que repudiam a possibilidade da existência de Deus.


Mudança difícil

Não foi uma escolha fácil. Quando o ex-pastor batista Osmar Guerra decidiu que seu lugar não era mais o púlpito, logo foi fustigado por olhares de decepção das pessoas que estavam ao seu redor e acreditavam em seu trabalho espiritual. Afinal, desde menino ele era o “pastorzinho” de sua igreja em Piracicaba, no interior paulista. Desinibido e articulado, o garoto, bem ensinado pelos pais na fé cristã, apresentava uma natural vocação para o pastorado. Por isso, foi natural sua decisão de matricular-se Faculdade Teológica Batista de São Paulo e, após os anos de estudo, assumir a função de pastor de adolescentes da Igreja Batista da Água Branca (IBAB), na capital paulista.
Começava ali uma promissora carreira ministerial. Osmar dividia seu trabalho entre as funções na igreja e as aulas de educação cristã, lecionadas no tradicional Colégio Batista. Tempos depois, o pastor transferiu-se para outra grande e prestigiada congregação, a Igreja Batista do Morumbi. Mas algo estava fora de sintonia, e Osmar sabia disso. Toda sua desenvoltura na oratória, sua capacidade de mobilização e seu espírito de liderança poderiam não ser, necessariamente, características de uma vocação pastoral. E, como dizem os jovens que ele tanto pastoreou, pintou uma dúvida: seu lugar era mesmo diante do rebanho?  “Eu era um excelente animador. Mas me faltava vocação, e fui percebendo isso cada vez mais”.
O novo caminho, ele sabia, não seria compreendido com facilidade pela família, pelos amigos e pelas ovelhas. Mas ele decidiu voltar a estudar, e escolheu a área de rádio e TV. E, mesmo ali, não escapou do apelido de “pastor”, aplicado pela turma. Quando conseguiu um estágio na TV Record, percebeu que ficava totalmente à vontade entre os cenários, as produções e os auditórios. Com seu talento natural, Osmar deslanchou, e o artista acabou suplantando o pastor. Depois de pedir demissão da igreja, em 2005, ele galgou posições na emissora e hoje é o produtor de um dos programas de maior sucesso da casa, O melhor do Brasil, apresentado pelo Rodrigo Faro.
“Durante muito tempo, fiquei em crise”, reconhece hoje, aos 31 anos. “Tive medo de tomar a decisão de deixar de ser pastor. Mas, hoje, sinto-me mais confiante e honesto comigo mesmo e perante os outros”, garante. Longe do púlpito, mas não de Jesus, Osmar Guerra continua participativo na sua igreja, a IBAB, onde toca e canta no louvor. De sua experiência, ele se acha no direito de aconselhar os mais jovens. “Defendo que, antes do seminário, as pessoas busquem formação em outras áreas, ainda mais quando são novas”, diz. Isso, segundo ele, pode abrir novas possibilidades se o indivíduo, por um motivo qualquer, sentir-se desconfortável no púlpito. Contudo, ele não descarta o valor de um chamado genuíno: “Se, mesmo assim, a vontade de se tornar um pastor continuar, isso é sinal de que o caminho pode ser esse mesmo.”


Época – Cristofobia / Artigo / Ayaan Hirsi Ali

 
Ayaan Hirsi Ali, de 42 anos, nasceu de uma família muçulmana na Somália e emigrou para a Holanda, onde foi parlamentar. Produziu o filme Submissão (2004), sobre a repressão às mulheres no mundo islâmico. É pesquisadora do American Enterprise Institute
 
Pouco denunciada, a opressão violenta das minorias cristãs nos países muçulmanos é um problema cada vez mais grave
 
Ouvimos falar com frequência de muçulmanos como vítimas de abuso no Ocidente e dos manifestantes da Primavera Árabe que lutam contra a tirania. Outra guerra completamente diferente está em curso - uma batalha ignorada, que tem custado milhares de vidas. Cristãos estão sendo mortos no mundo islâmico por causa de sua religião. É um genocídio crescente que deveria provocar um alarme em todo o mundo.
O retrato dos muçulmanos como vítimas ou heróis é, na melhor das hipóteses, parcialmente verdadeiro. Nos últimos anos, a opressão violenta das minorias cristãs tornou-se a norma em países de maioria islâmica, da África Ocidental ao Oriente Médio e do sul da Ásia à Oceania. Em alguns países, o próprio governo e seus agentes queimam igrejas e prendem fiéis. Em outros, grupos rebeldes e justiceiros resolvem o problema com as próprias mãos, assassinando cristãos e expulsando-os de regiões em que suas raízes remontam a séculos.
 
A reticência da mídia em relação ao assunto tem várias origens. Uma pode ser o medo de provocar mais violência. Outra é, provavelmente, a influência de grupos de lobby, como a Organização da Cooperação Islâmica - uma espécie de Nações Unidas do islamismo, com sede na Arábia Saudita - e o Conselho para Relações Americano-Islâmicas. Na última década, essas e outras entidades similares foram consideravelmente bem-sucedidas em persuadir importantes figuras públicas e jornalistas do Ocidente a achar que todo e qualquer exemplo entendido como discriminação anti-islâmica é expressão de um transtorno chamado "islamofobia"- um termo cujo objetivo é extrair a mesma reprovação moral da xenofobia ou da homofobia.
 
Uma avaliação imparcial de eventos recentes leva à conclusão de que a dimensão e a gravidade da islamofobia não são nada em comparação com a cristofobia sangrenta que atravessa atualmente países de maioria muçulmana de uma ponta do globo à outra. A conspiração silenciosa que cerca essa violenta expressão de intolerância religiosa precisa parar. Nada menos que o destino do cristianismo no mundo islâmico - e, em última instância, de todas as minorias religiosas nessa região — está em jogo.
Por causa de leis contra blasfémia a assassinatos brutais, bombardeios, mutilações e incêndios em lugares sagrados, os cristãos de muitos países vivem com medo. Na Nigéria, muitos sofrem todas essas formas de perseguição. O país tem a maior minoria cristã (40%) em proporção ao número de habitantes (170 milhões) entre todos os países de maioria islâmica. Há anos, muçulmanos e cristãos vivem à beira de uma guerra civil. A Nigéria é o recordista em número de cristãos mortos em ataques violentos nos últimos anos (leia o quadro na página 62). A mais nova organização radical é o grupo Boko Haram, que significa "educação ocidental é sacrilégio" e tem como objetivo estabelecer a lei islâmica (charia) em toda a Nigéria. Com esse propósito, afirma que matará todos os cristãos do país.
 
Só em janeiro, o Boko Haram foi responsável por 54 mortes. Em 2011,
seus membros mataram ao menos 510 pessoas e queimaram ou destruíram mais de 350 igrejas em dez Estados da região norte, de maioria muçulmana. Eles usam armas, bombas de gasolina e até facões, gritando "Allahu akbar" ("Deus é grande") enquanto atacam cidadãos inocentes. Até agora, têm se concentrado em matar clérigos, políticos, estudantes, policiais e soldados cristãos, assim como líderes muçulmanos que condenam suas atitudes.
 
A cristofobia que infesta o Sudão assume uma forma diferente. O governo autoritário do norte, muçulmano sunita, atormenta há décadas as minorias cristãs e animistas do sul. O que muitas vezes é descrito como guerra civil é, na prática, perseguição constante do governo a minorias religiosas. Essa prática culminou no vergonhoso genocídio de Darfur. O presidente muçulmano do Sudão, Ornar al-Bashir, foi indiciado pelo Tribunal Penal Internacional por três acusações de genocídio, mas a violência não terminou. A euforia dos cristãos pela semi-independência que Bashir concedeu ao Sudão do Sul, em julho do ano passado, já passou. No Estado do Cordofão do Sul, eles ainda estão sujeitos a bombardeios aéreos, assassinatos, sequestros de crianças e outras atrocidades. A ONU afirma que entre 53 mil e 75 mil civis inocentes foram deslocados de suas casas.
 
Os dois tipos de perseguição - realizados por grupos extragovernamentais ou por agentes do Estado - aconteceram simultaneamente no Egito pós-Primavera Árabe. Em 9 de outubro do ano passado, na região de Maspero, no Cairo, cristãos coptas marcharam em protesto contra uma onda de ataques muçulmanos - incêndios em igrejas, estupros, mutilações e assassinatos -que se seguiu à derrubada da ditadura de Hosni Mubarak. Os coptas representam cerca de 10% dos 83 milhões de egípcios. Durante o ato, as forças de segurança avançaram contra a multidão com seus caminhões e atiraram nos manifestantes, matando 24 pessoas e ferindo mais de 300. No fim do ano, mais de 200 mil coptas já haviam fugido de suas casas diante da expectativa de mais ataques. Com os muçulmanos no poder após as eleições legislativas, os temores parecem justificados.
 
O Egito não é o único país árabe que parece empenhado em acabar com a minoria cristã. Desde 2003, mais de 900 cristãos iraquianos (a maioria deles assírios) foram mortos por terroristas somente em Bagdá, e 70 igrejas foram queimadas. Milhares deixaram o país por causa da violência. A consequência foi a queda do número de cristãos para menos de 500 mil pessoas, metade da população registrada há dez anos. A Agência Assíria Internacional de Notícias, compreensivelmente, descreve a situação atual como um "genocídio incipiente ou limpeza étnica dos assírios no Iraque".
 
Os 2,8 milhões de cristãos que moram no Paquistão representam apenas 1,4% da população de mais de 190 milhões. Como membros de um grupo tão pequeno, vivem com medo constante não só de terroristas islâmicos, mas também das leis draconianas do Paquistão contra a blasfêmia. Há o famoso caso de uma cristã condenada à morte por supostamente insultar o profeta Maomé. Quando a pressão internacional convenceu o governador do Punjab, Salman Taseer, a tentar encontrar uma forma de libertá-la, ele foi morto por seu segurança, em janeiro de 2011. O guarda-costas foi considerado herói pela maioria dos clérigos muçulmanos preeminentes. Embora tenha sido condenado a morte no fim do ano passado, o juiz que impôs a sentença vive escondido, temendo por sua vida.
 
Casos como esse não são raros no Paquistão. As leis contra a blasfêmia são comumente usadas por muçulmanos criminosos e intolerantes para perseguir minorias religiosas. O ato de simplesmente declarar crença na Santíssima Trindade é considerado blasfêmia, pois contradiz as principais doutrinas teológicas islâmicas. Quando um grupo cristão é suspeito de desrespeitar essas leis, as consequências podem ser brutais. É só perguntar aos membros da entidade assistencial cristã World Vision. Seus escritórios foram atacados em 2010 por dez homens armados com granadas. Seis pessoas morreram e quatro ficaram feridas. Um grupo muçulmano militante assumiu a responsabilidade pelo ataque, sob a justificativa de que a World Vision estava tentando subverter o islã - na verdade, estava ajudando os sobreviventes de um grande terremoto.
Nem mesmo a Indonésia, muitas vezes retratada como o país de maioria muçulmana mais tolerante, democrático e moderno do mundo, está imune às ondas de cristofobia. Segundo dados divulgados pelo jornal americano The Christian Posf, o número de incidentes violentos cometidos contra minorias religiosas (7% da população, dos quais a maioria é cristã) aumentou quase 40% entre 2010 e 2011.
 
A litania de sofrimentos pode ser ampliada. No Ira, dezenas de cristãos foram presos por ousar fazer cultos fora do sistema de igrejas sancionado pelo governo. A Arábia Saudita merece ser colocada numa categoria própria. Apesar de mais de l milhão de cristãos morarem no país como trabalhadores estrangeiros, igrejas e até a prática privada de oração cristã são proibidas; para impor essas restrições totalitárias, a polícia religiosa frequentemente invade casas de cristãos e os acusa de blasfêmia em tribunais onde o testemunho deles tem menos importância jurídica que o de um muçulmano. Mesmo na Etiópia, onde os cristãos são maioria, igrejas incendiadas por membros da minoria muçulmana tornaram-se um problema grave.
 
Deveria ficar claro, a partir desse catálogo de atrocidades, que a violência contra os cristãos é um problema importante e pouco denunciado. Não, a violência não é planejada centralmente ou coordenada por alguma agência islâmica internacional. Nesse sentido, a guerra mundial contra os cristãos não é nem um pouco uma guerra tradicional. É uma expressão espontânea de uma animosidade anti-cristã por parte dos muçulmanos que transcende cultura, região e etnia.
 
Nina Shea, diretora do Centro pela Liberdade Religiosa do Instituto Hudson, de Washington, disse numa entrevista para a revista Newsweek que as minorias cristãs em muitos países de maioria muçulmana "perderam a proteção de suas sociedades". Isso é especialmente verdade em países com movimentos islâmicos radicais em ascensão. Nesses lugares, justiceiros muitas vezes sentem que podem agir com impunidade, e a falta de ação do governo frequentemente comprova isso. A antiga ideia dos turcos otomanos de que não muçulmanos em sociedades muçulmanas merecem proteção (ainda que como cidadãos de segunda classe) praticamente desapareceu em grandes porções do mundo islâmico. O resultado é derramamento de sangue e opressão.
Vamos, por favor, estabelecer prioridades. Sim, governos ocidentais devem proteger minorias islâmicas da intolerância. E é claro que devemos nos certificar de que eles possam cultuar, viver e trabalhar livremente e sem medo. A proteção da liberdade de consciência e expressão distingue sociedades livres das não livres. Mas também precisamos manter a perspectiva em relação à escala e à gravidade da intolerância. Desenhos, filmes e textos são uma coisa; facas, armas e granadas são outra totalmente diferente.
 
Sobre o que o Ocidente pode fazer para ajudar as minorias religiosas em sociedades de maioria muçulmana, minha resposta é: precisamos começar a usar os bilhões de dólares doados para ajuda aos países agressores como poder de barganha. E há ainda o comércio e os investimentos. Além da pressão diplomática, as doações e relações comerciais podem e devem depender do compromisso com o respeito à liberdade de consciência e ao culto para todos os cidadãos. Em vez de acreditar em histórias exageradas de islamofobia ocidental, é hora de tomar uma posição real contra a cristofobia que contamina o mundo muçulmano. A tolerância é para todos - exceto para os intolerantes.